ANÁLISE: SSD NVMe Crucial P1 de 500 GB

ANÁLISE: SSD NVMe Crucial P1 de 500 GB

Com a estimativa da Intel que daqui há dois anos 90% do mercado de SSDs será comandado por unidades PCIe, os principais fabricantes de unidade de estado sólido estão lançando cada vez mais modelos com essa característica, apostando fortemente no formato M.2 e protocolo NVMe ao invés das opções de 2,5 polegadas com protocolo AHCI. Outra transição importante – mais pelo fator preço do que pelo modo performance -, que está ganhando corpo são os SSDs NVMe baseado no padrão de memória Flash 3D NAND QLC, que armazena até quatro bits por célula.

Esse é o caso do Crucial P1, primeiro SSD NVMe anunciado pela companhia, que é uma marca da Micron. Essa unidade, lançada no mercado internacional no ano passado, está disponível em dois formatos de capacidade no mercado brasileiro, 500 GB e 1 TB (há também o de 2 TB que não chegou ao nosso país). Recebemos o modelo de 500 GB e agora você confere nossas impressões.

Design e conteúdo da embalagem

O Crucial P1 é um SSD NVMe M.2 2280 com PCB na cor preta. Devido ao seu modo “chapado” sem a inclusão de um radiador você pode facilmente utiliza-lo tanto em desktops quanto em notebooks. O conteúdo da embalagem oferece a unidade propriamente dita e um folheto.

Performance

Como dissemos no início, o Crucial P1 é uma das opções de SSDs no mercado que utiliza memória QLC, capaz de armazenar quatro bits por célula, a transição do TLC para o QLC, assim como as anteriores, como o SLC para o MLC, tem suas vantagens e desvantagens. A principal vantagem é no fator preço. Com o QLC os consumidores conseguem ter acesso a unidades com tecnologias mais recentes, como o NVMe, por um custo mais baixo, em contrapartida, o uso do QLC traz um impacto na performance e a durabilidade  – uma célula SLC pode suportar 100.000 regravações, uma célula QLC cem vezes menos, apenas 1.000 regravações.

Evidentemente os fabricantes utilizam alguns métodos para contornar as limitações, métodos que também são utilizados em SSDs com TLC, por exemplo. O principal trunfo é um cache SLC dinâmico, uma quantidade de armazenamento disponível na unidade para lidar com a gravação no modo um bit por célula, uma simulação momentânea do SLC. O cache vai diminuindo assim que a unidade vai ficando com menos espaço disponível, por isso que a performance em gravação pode ser superior quando o SSD está menos preenchido. A quantidade de cache SLC também varia de acordo com a capacidade da unidade, o cache SLC do Crucial P1 de 500 GB é menor que a versão de 1 TB. A Crucial fala em 5 GB de cache para o modelo de 500 GB e 12 GB para o de 1 TB.

A base do Crucial P1 é a controladora é a Silicon Motion SM2263EN, a mesma utilizada pelo SSD NVMe custo x benefício da Kingston, o A2000. Há também os chips de memória QLC de 64-camadas NW947, da Micron e o cache DRAM DDR3L-1600 Micron MT41K512M16HA-125, de 1 GB. A interface é a PCIe Gen 3 x4 e o protocolo é o NVMe. De acordo com o material de divulgação do Crucial P1, a unidade promete entregar velocidade sequencial de até 2.000 MB/s e gravação sequencial de até 1.700 MB/s, na versão de 1 TB.

Para o modelo de 500 GB, que é o que estamos analisando, a empresa promete 1.900 MB/s em leitura sequencial e 950 MB/s, em gravação sequencial. A melhor opção do Crucial P1 é o modelo de 2 TB, com velocidade sequencial de até 1.900 MB/s e gravação sequencial de 2.000 MB/s.

O  TBW, que está totalmente ligado com a durabilidade, já que é a quantidade de dados que podem ser gravados na unidade antes que ela comece a passar por problemas de desgaste, é a grande decepção dos SSDs QLC. O modelo de 500 GB do Crucial P1 promete apenas 100 TB de TBW. Para os demais modelos os valores são os seguintes: 200 TB  (1 TB) e 400 TB (2 TB).

No site da Crucial você encontra um software chamado Storage Executive que é uma central de monitoramento da sua unidade de armazenamento. Com este software você consegue atualizar o firmware do SSD, verificar a temperatura em que ela se encontra no momento, entre outras funções.

Configuração utilizada no teste

  • Placa-mãe: Gigabyte Z370XP-SLI
  • Processador: Core i7-8700K
  • Cooler: watercooler PCYes NIX RGB 360mm
  • Memória RAM: 2x 8 GB HyperX Predator RGB
  • Placa de vídeo: RTX 2080 Ti Founders Edition
  • SSD: WD Black SN 750 de 1 TB
  • Fonte: Corsair CX650
  • Sistema: Windows 10 Pro 64-bit

Vamos iniciar a bateria de testes dando uma olhada em aspectos mais técnicos da unidade que são exibidos através do software Crystal Disk Info.

Rodamos também o HD Tune que lista de forma mais completa os recursos suportados pela unidade.

Ainda no HD Tune, executamos sua ferramenta interna de bechmark. O software indica a velocidade média de transferência de dados do Crucial P1:

 

Partimos agora para um segundo software da família Crystal Disk, dessa vez o CrystalDiskMark, ferramenta de benchmark que atesta as velocidades de leitura e escrita de unidades de armazenamento. Confira abaixo a tela com o resultado. O software foi configurado para rodar com um arquivo de 1 GB, repetimos o procedimento 3 vezes.

Na nossa próxima tela temos o resultado do teste do Crystal Disk Mark com um arquivo de 32 GB, essa variação irá mostrar o impacto que o fim do cache SLC causa na performance do Crucial P1.

Durante o teste com o Crystal Disk Mark verificamos a temperatura da unidade. O pico foi de 63ºC.

Rodamos em seguida um software similar ao Crystal Disk Mark, o AS SSD Benchmark, que além das taxas de leitura e escrita em diferentes cenários, atribuiu uma pontuação final, que serve como parâmetro comparativo entre outras unidades.

Também realizamos a transferência de um arquivo de 16,6 GB entre o Crucial P1 de 500 GB e o WD Black SN750 de 1 TB, e vice-versa, cronometrando o resultado.

Transferência de 16,6 GB entre o Crucial P1 de 500 GB e o WD Black SN750 = 00:13.37

Transferência de 16,6 GB entre o WD Black SN750 de 1 TB e o Crucial P1 de 500 GB = 00:21.04

Especificações

  • Modelo: Crucial P1 de 500 GB (CT500P1SSD8)
  • Fator de forma: M.2 Tipo 2280
  • Capacidade: 500GB
  • Interface: PCIe Gen 3 x4
  • Protocolo: NVMe
  • Controladora: Silicon Motion SM2263EN
  • Chips de memória: QLC de 64-camadas NW947 (Micron)

Pontos positivos

  • Produto com uma relação custo x benefício bem interessante
  • Performance entregue cumpre o que é prometido

Pontos negativos

  • TBW bem modesto
  • Ao romper a barreira do cache SLC a performance acaba sendo bem comprometida

Veredito

A Crucial usou o P1 para dar o pontapé no mercado de SSDs NVMe com memória QLC, e o resultado foi satisfatório, principalmente pela faixa de preço que se propõe. Assim como o BX500, também da Crucial, é um excelente SSD custo x benefício SATA 600 disponível no mercado brasileiro, o P1 tem tudo para figurar entre as principais opções com protocolo NVMe que usuários com orçamento mais apertado devem ficar de olho – uma alternativa ao Intel 660p. Atualmente o modelo de 500 GB do Crucial P1 pode ser encontrado abaixo de R$ 400.

A unidade entregou o que prometeu em termos de performance, evidentemente que não podemos deixar de mencionar como o desempenho cai ao ultrapassar a barreira do cache SLC, que, se já era importante em SSDs TLC, é ainda mais fundamental com as unidades de estado sólido baseadas em QLC. Com a queda dos preços dos SSDs a passagem do HD para uma unidade de estado sólido está se tornando mais fácil, permitindo que a discussão passe para uma outra etapa: deixar de lado a compra de um SSD de 2,5 polegadas baseado em AHCI e ir de cara em um modelo M.2 NVMe – caso seu hardware seja compatível, é claro. Para os que estão considerando esse cenário e estão pensando em um modelo com uma relação custo x benefício excelente o Crucial P1 deve ser levado em consideração!

Sobre o Autor

Editor-chefe no Hardware.com.br, aficionado por tecnologias que realmente funcionam. Segue lá no Insta: @plazawilliam Elogios, críticas e sugestões de pauta: william@hardware.com.br
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