Há 25 anos, era lançado o PlayStation, o rei dos consoles

Há 25 anos, era lançado o PlayStation, o rei dos consoles

A história do PlayStation é a vitória triunfal de uma empresa que a princípio era uma parceira no desenvolvimento mas acabou se tornando a regente de uma era completamente nova para os games, amparado em gráficos tridimensionais e no uso do CD-ROM. Hoje, em comemoração aos 25 anos de lançamento desse console que inaugurou a dinastia da marca PlayStation no mundo do videogames, iremos relembrar como uma certa aliança entre Sony e Nintendo se transformou num voo solo da inventora do Walkman.

Da parceria à rivalidade

Em 2001 a Nintendo colocou no mercado o seu primeiro console com suporte a mídia de CD, o Gamecube, porém a companhia cogitava promover a passagem do cartucho desde os anos 80, a parceira mais viável para tornar esse projeto uma realidade era a gigante japonesa Sony, que já era parceira da Big N, no desenvolvimento do SPC-700, chip de áudio para o SNES (Super Nintendo). 

A ideia da Nintendo era o SNES-CD, seu primeiro console com suporte a CD, mas que também teria espaço para os tradicionais cartuchos. Comercialmente esse console teria se chamado Nintendo Play Station, mas o projeto nunca veria a luz do dia. Em parte pelo temor da Nintendo com os rumos que o console teria, parte desse temor era com a pirataria – algo considerado muito difícil com os cartuchos, ainda mais com a Nintendo e suas fitas travadas por chips -, e também porque a Big N anunciou no mesmo evento (CES de 1991), uma parceria com a Philips para a criação de hardware s software baseado em CD. A Sony, que, até então, achava que era o principal nome para tornar a Nintendo uma empresa preparada para os jogos em CD, ficou surpresa com o anúncio e se sentiu traída.

Neste mesmo ano a Philips lançou o primeiro console compatível com CD, o grotesco Philips CD-i, que chegou ao mercado em novembro  com 4 jogos licenciados pela Nintendo – Mario Hotel, Zelda’s Adventure, Link: The Faces of Evil e Zelda: The Wand of Gamelon. Games que foram pensados para o projeto SNES-CD, mas, como foi cancelado, acabaram migrando para o projeto da Philips, que foi um fracasso. Embora contasse com o suporte ao CD, o produto tinha uma visual nada convidativo para coroar uma nova era das mídias de armazenamento para jogos.

O Philips CD-i parecida mais um videocassete. Além de console, o aparelho também tinha karaokê e reproduzia vídeos, um tudo-em-um. O preço não era nada convidativo (US$ 700), principalmente para o público gamer que não enxergava valor naquela geringonça.

Como disse acima, o projeto SNES-CD, a parceria entre Nintendo e Sony, foi encerrado, aliás, a empresa do Mario também resolveu cortar relações com a Philips, a passagem para o uso de jogos em CD era um salto de fé visto como muito arriscado, a empresa resolveu fazer o que fazia de melhor, retornar ao desenvolvimento de cartuchos. 

E a Sony, o que aconteceu com ela? Bom, meio parecido com a rivalidade Ford x Ferrari, a gigante do Walkman, que seria a Ford nessa comparação, resolveu se jogar na competição, mas ao invés de carros, a Sony ganharia terreno amassando a Nintendo no universo dos games. Além da raiva, a decisão da Sony de manter vivo o projeto de lançar um console compatível com CD parecia a única alternativa viável, já que o projeto de desenvolvimento já estava em andamento – quando a parceria com a Nintendo ainda existia foram desenvolvidos mais de 200 protótipos do console, um desses protótipos foi encontrado há alguns anos pelo norte-americano Terry Diebold no sótão da sua casa. Abaixo você confere Diebold, de camisa vermelha, segurando o console.

Norio Ohga, que na época era presidente da Sony, e também foi um dos desenvolvedores do CD, ordenou que o projeto do console, que estava nas mãos do engenheiro Ken Kutaragi, continuasse. O projeto foi encerrado e chegou ao mercado no dia 3 de dezembro de 1994, no Japão. Na América o console chegou no dia 9 de setembro de 1995 e na Europa no dia 29 de setembro daquele ano. O que seria o Nintendo Play Station virou o Play Station, sem cartucho e sem Nintendo. 

Ao invés de ter a Nintendo como concorrente direto, a Sony enfrentou, na verdade, a Sega, que lançou alguns dias o Sega Saturn, que também tinha suporte a mídia de CD e foi um  sucesso de vendas, principalmente durante o hype inicial. A Sega até adotou uma estratégia de adiantar o lançamento do Saturn nos EUA,  passando de setembro para maio, porém a Sony “calou” a Sega cortando em US$ 100 o preço do PlayStation no lançamento (preço sugerido de US$ 299). O preço e o catálogo com 17 jogos disponíveis fizeram o console da Sony vender mais de 100 mil unidades em dois dias, números que o Saturn levou 5 meses para alcançar.

A Nintendo assistia à glória da sua antiga parceira em seu próprio mercado e ainda tomou outros duros golpes ao longo do anos e aprendeu uma grande lição. Vamos começar pela lição, um dos maiores temores da Nintendo era com a pirataria, a empresa queria ter o controle sobre tudo, a preservação do seu material. Com a disseminação do CD, veio toda aquela avalanche de cópias de conteúdo, dos mais variados tipos, e também um trampolim para a venda de milhares de produtos compatíveis, como o caso do PlayStation. Sim, é preciso dizer isso com todas as letras: a pirataria impulsionou absurdamente as vendas do PlayStation. A modificação via chip no console, o famoso “desbloqueio” e a venda de jogos em mercado paralelos contribuiu para que o PS1 se tornasse um dos consoles mais vendidos de todos os tempos – com o PS2 essa formula foi repetida, dessa vez com o DVD.

Em relação aos golpes, temos que relembrar aquela velha máxima: o hadware não é o suficiente é preciso um bom software. Não bastava apenas usar mídia de CDs e se vender como o futuro, o PlayStation também tinha que ter o apoio dos desenvolvedores, aqueles que fariam a mágica acontecer. A Nintendo aprendeu rápido como a decisão de manter o cartucho foi um erro, quando a Square, um dos trunfos da Nintendo, como é relatado no livro “Nos Bastidores da Nintendo” (Editora Saraiva / 2012), anunciou que estava deixando a fabricante. “Dragon Warrior VII e Final Fantasy VII iriam se tornar jogos do PlayStation.O motivo? Apesar de ter 64 bits, os cartuchos do N64 (Nintendo 64) não tinham a memória de que a Sony necessitava para produzir jogos de primeira qualidade”

A Square puxou uma fila que foi seguida por Konami, Namco, Taito, Data East, Capcom, Midway, Acclaim e EA. Realmente o uso do CD era encarado pelos desenvolvedores como algo valioso, já que eles poderiam lucrar mais, barateando a produção e simplificando a produção.

Mesmo quando saiu do cartucho a Nintendo adotou uma estratégia suicida. Em 2001, quando o PlayStation 2 já estava no mercado, oferecendo compatibilidade com mídias de DVD, o Game Cube foi lançado, compatível com essa mídia, mas não o tradicional de 12 centímetros, a Nintendo optou por seguir o mantra do padrão fechado, e colocou o suporte para uma mídia menor, de 8 centímetros. O que isso simbolizou na prática? A incompatibilidade com mídias de CDs e DVDs convencionais, permitidas no PS2. Ah Nintendo!

 

Números que impressionam

• O PlayStation está na terceira posição entre os consoles mais vendidos de todos os tempos, com 102,49 milhões de unidades comercializadas. As duas primeiras posições também pertencem aos consoles da Sony: PS4 em segundo lugar, com, até o momento, 102,8 milhões de cópias e em primeiro lugar o PlayStation 2, líder absoluto, com impressionantes 155 milhões de cópias vendidas.

• O PlayStation foi o primeiro console da história a alcançar a marca de 100 milhões de unidades vendidas, feito que foi alcançado após 9 anos e 6 meses de mercado.

• O catálogo de jogos do PlayStation conta com impressionantes 7.918 jogos. O mais vendidos de todos é o Gran Turismo, com 10,95 milhões de cópias.

A imersão do DualShock

Originalmente o controle do PlayStation não tinha o sistema de vibração, que proporcionava uma maior imersão durante o game. Essa característica foi aplicada somente numa nova versão do joystick lançada em novembro de 1997. Além da vibração foram adicionados dois direcionais na parte inferior. Esse design foi muito copiado por empresas que produzem controles alternativos ao original do PlayStation.

PlayStation com tela embutida?

O PlayStation acabou popularizando o conceito de slim, uma versão mais compacta e com algumas melhorias em relação ao original. A versão inicial do PlayStation era uma uma caixa cinza, conhecido no Brasil como “caixotão”. Em 2000 chegou a versão Slim, chamada de PSone, apelidada de baby. Quando adquiri meu primeiro PlayStation essa versão já estava sendo vendida, realmente era um console muito bonito, totalmente diferente da primeira versão. A primeira versão ganhou os holofotes novamente no ano passado com o PlayStation Classic, uma versão compacta com 20 jogos na memória.

PlayStation Classic ao lado do primeiro PlayStation

 

Além dessas duas versões o PlayStation também recebeu alguns acessórios que muita gente desconhece. Um deles é uma tela LCD que poderia ser acoplada ao console, o acessório permitia que você jogasse sem depender da TV. Além da Thrustmaster, parceiro da Sony para o lançamento desta tela de 5 polegadas, diversos outros fabricantes também colocaram no mercado modelos alternativos.

Outro acessório bem curioso foi o Pocketstation, categorizado pela Sony como um misto entre Memory Card e assistente pessoal. Era uma alternativa ao VMU do Dreamcast. O gadget tinha uma tela LCD e cinco botões. Mais de 200 jogos podiam ser desfrutados nesse aparelhinho. Foi vendido somente no Japão, cerca de 4 milhões de unidades foram vendidas. 

Jogos históricos

O PlayStation não é o console preferido de muitos (faço parte dessa lista) à toa, a plataforma recebeu diversos títulos que são lembrados até hoje. Entre eles: Crash Bandicoot, Tomb Raider, Tekken, Resident Evil, Metal Gear Solid, Grant Turismo e Final Fantasy VII.

Sobre o Autor

Editor-chefe no Hardware.com.br, aficionado por tecnologias que realmente funcionam. Segue lá no Insta: @plazawilliam Elogios, críticas e sugestões de pauta: william@hardware.com.br
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