Introdução ao Peppermint OS

Introdução ao Peppermint OS

An introduction to Peppermint OS

Autor original: Jesse Smith

Publicado originalmente no: distrowatch.com

Tradução: Roberto Bechtlufft

Introdução

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No início do ano, uma dupla de desenvolvedores criou uma nova distribuição chamada Peppermint OS. Essa distro, que tem um forte elo familiar com o Ubuntu, é uma mistura do modelo de computação tradicional para desktops e aplicativos em nuvem. Geralmente essa mistura já bastaria para que eu perdesse o interesse (ninguém aguenta mais tantos projetos de computação em nuvem baseados no Ubuntu), mas o projeto Peppermint OS tem algumas coisas ao seu favor.

Para começar, seu site tem um dos visuais mais atraentes que eu já vi. Alguns projetos têm um grande foco em questões técnicas, outros prometem mundos e fundos e oferecem um belo visual, mas poucos conseguem atingir um equilíbrio útil entre as duas coisas. O site do Peppermint é um desses casos raros, recebendo os novos usuários com muito alarde e belos gráficos, mas ainda assim oferecendo muitos detalhes técnicos e suporte. O segundo ponto que o projeto tem a seu favor é o suporte a hardware. O Peppermint OS está, como você já deve ter suspeitado pelo nome, intimamente relacionado ao Linux Mint, que até hoje é a única distribuição capaz de detectar e configurar corretamente todo o meu hardware. Por fim, o Peppermint parece ter atraído uma base de usuários bem grande e militante, se levarmos em conta que a distro ainda tem pouco tempo de vida, e minha caixa de entrada está entupida de solicitações para que o sistema receba a atenção que as pessoas dizem que ele merece receber.

Antes de botar para rodar o live CD do projeto, tive a oportunidade de conversar com os fundadores do Peppermint, Kendall Weaver e Shane Remington.

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DW: O que motivou a criação do Peppermint? O que ele oferece que nós não encontramos em outras distribuições?

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KW: O Peppermint foi criado em janeiro, depois que Shane Remington e eu bebemos demais num bar e achamos que precisávamos fazer uma distro Linux nova. Nós queríamos uma integração limpa com redes sociais, a ideia toda era essa. As primeiras versões usavam o KDE e eram bem grandes. Depois de darmos uma boa olhada no conteúdo que seria incluído no Ubuntu 10.04 na época, achamos que era preciso arranjar uma nova base e tentar oferecer algo com mais vigor e velocidade. O nome Peppermint surgiu porque queríamos o refinamento do Linux Mint, só que com um tempero mais forte.

Decidimos seguir o caminho de uma integração limpa entre aplicativos web e aplicativos nativos para o desktop. Escolhi o Mozilla Prism porque ele é fácil de usar, e montei uma imagem ISO baseada no Lubuntu, mas substituindo boa parte dos aplicativos locais por aplicativos web. Essa versão entrou em beta privado. Poucos dias depois, percebemos que estávamos trabalhando em algo que tinha muito potencial, então eu criei um front-end personalizado para o Prism, para integrar aplicativos web diretamente ao menu do LXDE, e comecei a criar ISOs de teste, visando o lançamento de uma versão pública.

O que estamos oferecendo é basicamente um sistema leve e rápido, que oferece uma integração fácil e rápida com aplicativos web, sem sacrificar o modelo de desktop tradicional. Parece que quase todos os sistemas disponíveis hoje em dia estão se concentrando exclusivamente em ser um sistema desktop melhor ou um sistema em nuvem melhor. Perguntamos a nós mesmos por que era preciso escolher uma coisa em detrimento da outra, e por que as duas abordagens para sistemas operacionais não poderiam se fundir em uma só. É aí que a gente entra.

DW: O Peppermint tem uma árvore genealógica grande, levando ao Mint, ao Ubuntu e ao Debian. Por que basear o Peppermint no Mint?

KW: Na verdade, o Peppermint é um fork do Lubuntu, mais especificamente da versão 10.04 alpha 3. Ele usa algumas ferramentas do Mint, e alguns arquivos de configuração de baixo nível, mas não se baseia no Mint. Talvez você não saiba, mas eu também sou o mantenedor das edições do Linux Mint com o LXDE e o Fluxbox. Vendo em primeira mão o nível de controle de qualidade nos testes das ferramentas do Mint e o empenho em criar algo fácil de usar, obviamente achei que seria uma boa tirar proveito de alguns de seus componentes. Por exemplo, o Mint usa uma implementação personalizada do APT, que combina muitos dos comandos mais comuns e poderosos do apt-get, do aptitude e do dpkg em um sistema notavelmente eficiente que cobre tudo, de uma instalação básica à compilação e manutenção de pacotes. Também estamos usando os gerenciadores de software e de atualizações do Mint, junto com uma ferramenta de configuração de teclado/mouse que desenvolvi para o Mint Fluxbox com a ajuda do meu amigo Ikey.

DW: O Peppermint parece ter um grande foco na computação em nuvem. Apesar disso, o site tem instruções para a remoção de software desse tipo. Você acha que existe uma demanda grande por aplicativos e armazenamento na nuvem?

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SR: Com certeza. Como humanos, estamos evoluindo junto com essa tecnologia, e essa tendência está nos levando a uma mobilidade avançada, o que significa que as ferramentas e os aplicativos precisam ser desenvolvidos para nos fazer “chegar lá”. Ter uma rede ou nuvem onipresente não é uma ideia tão nova assim, muitos autores de ficção científica já abordaram o assunto. Tem gente que acho isso tudo meio assustador, mas para nós é a próxima etapa lógica na forma como vamos interagir e trocar informações. Esse será o padrão, e esperamos que o Linux desempenhe um papel importante na criação e na manutenção dessa infraestrutura.

Quanto aos aplicativos web e em nuvem que vêm com o Peppermint, no começo nós fomos acusados de incluí-los no menu como se fossem aplicativos de verdade. Nós sentimos a necessidade de educar os novos usuários oferecendo um pequeno buffet, um tira-gosto de aplicativos web e em nuvem populares, para que seja possível experimentar o Prism. Se quiser, você fica com eles. Se não quiser, remove. Eles estão presentes no Peppermint como uma prévia do que você pode criar usando nosso front-end personalizado para o Prism. Rimos um bocado com as acusações de pessoas que descreviam de forma tecnicamente precisa, em suas próprias palavras, o que era um aplicativo em nuvem: um aplicativo que reside na nuvem/web e se disfarça ou, nas palavras dessas pessoas, finge ser um software instalado localmente no seu computador.

DW: A distro é leve por padrão. Se não me engano, no site vocês afirmam que o Peppermint roda com 256 MB de RAM ou menos. Vocês estão se focando em hardware mais antigo ou só querem mesmo oferecer uma distro veloz?

KW: Ter uma distro veloz certamente é a nossa intenção, mas ficamos felizes em dizer que o Peppermint roda bem em alguns sistemas com 192 MB de RAM. Mantendo o sistema rápido e simples, facilitamos as coisas para quem quer fazer logo o que tem que fazer. Você não precisa de um monte de efeitos especiais, nem de aplicativos pesados para ser produtivo. Você precisa de velocidade, simplicidade e mobilidade.

DW: A filosofia declarada no site de atrair os usuários não geeks e manter o Linux simples soa similar às filosofias por trás de projetos como o Ubuntu e o Igelle. Que relação você vê entre o Peppermint e esses projetos?

KW: Eu sempre gostei muito do Ubuntu, ele sempre representou o que um “Linux ambicioso” pode trazer para o mercado de desktops, mas acho que frequentemente ele dá passos maiores do que as pernas. Mesmo com recursos como o MeMenu e o Ubuntu One, o Ubuntu continua focado em ser um sistema tradicional para desktops. O que estamos fazendo com o Peppermint não deve ser encarado como uma concorrência ao Ubuntu; nós só estamos mirando no mercado que fica entre a nuvem e os desktops, e oferecendo uma solução simples e perfeitamente capaz de lidar com as tarefas de cada lado.

Sobre o Igelle eu não tenho como comentar, porque minha experiência com ele foi muito curta.

DW: Não faz muito tempo que sua distribuição foi lançada. Qual tem sido a reação das pessoas até o momento? O que as pessoas dizem que vocês estão fazendo direito, e o que elas acham que poderia ser diferente?

KW: De fato, faz pouco tempo mesmo que nossa distribuição saiu. Estamos comemorando o aniversário de um mês desde a primeira versão disponibilizada publicamente. Estamos surpresos com o retorno positivo que obtivemos até agora. Temos muitas pessoas que estão levando os aplicativos web mais a sério do que antes, e muitas pessoas que gostam da velocidade e da simplicidade que estamos oferecendo. Tinha muita gente se opondo fortemente ao navegador que escolhemos por padrão, o Firefox, mas estamos deixando bem claro que padrões são apenas padrões, e que quem quiser pode escolher o navegador que quiser para seu sistema.

DW: Agora que a primeira versão estável já saiu, qual será o próximo passo? O que vocês querem ver na próxima versão? O Ubuntu e o Mint vão continuar sendo uma base para o projeto?

SR: Nossa ideia é criar uma nova ISO pelo menos uma vez por mês para incluir atualizações, correções de bug, novos recursos etc. Vamos nos manter tão próximos à base do Ubuntu e do Mint quanto for necessário, mas não vamos seguir exatamente os passos deles com respeito às datas de lançamento e novos recursos. Pessoalmente, eu gostaria de usar como base o código da versão LTS por alguns anos, incluindo as atualizações principais conforme elas fossem necessárias.

Num futuro próximo, vamos lançar o Peppermint Ice. Ele trará o Chromium como navegador padrão, e provavelmente será ainda mais focado na nuvem, já que provavelmente abriremos mão do suporte a impressoras e scanners e substituiremos mais aplicativos padrão por alternativas menores ou baseadas na nuvem. Depois que lançarmos o Peppermint Ice, o trabalho na integração com o Google Cloud Print será a próxima etapa lógica no desenvolvimento do Ice e de todas as outras versões do Peppermint. Basicamente, nós vimos que havia uma boa quantidade de pessoas usando o Peppermint com o Chromium e obtendo ótimos resultados. Ouvimos o que esses usuários habilidosos tinham a dizer no fórum, aproveitamos a experiência deles e agora podemos oferecer o Peppermint Ice, com base no conhecimento desses usuários – e na nuvem. Os testes começaram nesta semana, e a ideia é fazer o lançamento em breve. Só o que podemos dizer é que o Peppermint é rápido, mas o Peppermint Ice é estupidamente rápido.

DW: Seu projeto aceita doações. Há mais alguma coisa que os usuários satisfeitos possam fazer para ajudar? Vocês precisam de tradutores e programadores?

KW: Nós temos muita sorte por termos construído tão rapidamente uma comunidade tão forte e empolgada. Quase todo o nosso suporte até agora vem de membros da comunidade. Vamos precisar de mantenedores de pacotes no futuro, já que nosso repositório continua se expandindo muito mais rápido do que nós esperávamos. Se quisermos continuar com a base LTS, isso logo vai virar uma prioridade, já que muitas atualizações de aplicativos não parecem chegar às versões LTS. Pessoalmente, eu gostaria de ver mais aplicativos vindo de código fonte sem alterações, em vez de depender de versões que provavelmente receberam patches no Ubuntu e no Mint. Dessa forma, poderemos isolar os bugs nos aplicativos dos bugs causados pelo empacotamento e pela adição de patches.

DW: Você gostariam de acrescentar mais alguma coisa? Algo sobre o Linux de modo geral, ou sobre o Peppermint em especial?

SR: Nós realmente queremos encorajar elos sociais diretos com todos os nossos usuários e com quem quer que esteja interessado no Linux e em seus avanços. Boas ideias nascem do contato direto, e acreditamos piamente em sermos abertos para todos. As contas oficiais do Peppermint no Twitter são @PeppermintOS (a conta principal) e @AskPeppermint (para suporte técnico). A conta do Kendall no Twitter é @Kendall_Tristan, eu sou o notório @roadhacker e Nick (que cuida do suporte) é o @Asheguy. Também estamos no Facebook, e nossos fóruns estão sempre disponíveis.

DW: Muito obrigado por compartilhar conosco as suas opiniões.

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Instalação e primeiras impressões

A imagem do Peppermint OS One tem 470 MB, ou seja, é um download pequeno para um sistema operacional moderno. O live CD inicializa o ambiente gráfico para desktops LXDE, com um tema vermelho e negro. A maior parte da tela apresenta-se vazia, com uma barra de tarefas na parte inferior, um menu de aplicativos no canto inferior esquerdo e um ícone para o instalador no canto superior esquerdo.

O instalador é, para todos os propósitos, o mesmo do Ubuntu, então não vou perder muito tempo falando na funcionalidade dele. Ele faz um bom trabalho ao guiar o usuário pelas etapas de seleção de localidade, particionamento do disco rígido e criação de uma conta de usuário. Não me empolga muito o fato do instalador do Ubuntu cismar de baixar a hora atual e vários pacotes da internet sem me pedir, mas tirando isso o procedimento é tranquilo e intuitivo.

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Peppermint OS One – rodando o instalador

Gerenciamento de software e pacotes

Depois de concluída a instalação, reiniciei o computador e o sistema abriu uma tela gráfica simples para login. Uma das primeiras coisas que me chamaram a atenção foi o pequeno aplicativo de notificação de atualizações ao lado do relógio. O Peppermint usa a ferramenta mintUpdate, que se conecta aos repositórios do Ubuntu e do Mint e filtra atualizações pela segurança que elas pareçam apresentar para o usuário. Para instalar ou remover software, o Peppermint vem equipado com o mintInstall, um gerenciador de pacotes que apresenta uma interface web na qual os pacotes são divididos em categorias. Cada pacote vem com uma nota, e alguns com análises escritas. O software pode ser instalado ou removido com um clique em um botão. Para quem prefere métodos mais tradicionais de gerenciamento de pacotes, o Peppermint também vem com ferramentas de linha de comando como o Aptitude e o apt-get, além da interface gráfica Synaptic. Não faltam opções para o usuário lidar com os trinta mil pacotes disponíveis.

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Peppermint OS One – opções de gerenciamento de pacotes

O menu de aplicativos é uma mescla de aplicativos locais e programas baseados na web. Dentre os itens locais estão um gerenciador de arquivos, calculadora, editor de textos e um compactador de arquivos. Também estão incluídos o Firefox 3.6, um cliente BitTorrent, um visualizador de PDFs e um ripador de CDs. Para completar a seleção, temos um aplicativo para webcams, um media player e um gravador de CDs. Também estão presentes alguns ótimos utilitários para a que você configure o visual e o comportamento do sistema de acordo com suas preferências. Mas se você estiver interessado no Peppermint, provavelmente está interessado na abordagem focada nas soluções baseadas na web. Links no menu de aplicativos apontam para programas que lidam com Facebook, Twitter, Google Docs, Google Calendar, Google Mail, Google Reader, um visualizador de imagens, um media player e rádio via internet.

Depois de brincar um pouco com essa composição, que mistura aplicativos web a programas locais, acabei concordando com as pessoas que reclamam da forma como o Peppermint mistura as duas coisas. Não vejo problema em ter soluções baseadas na web no menu, ao lado dos meus aplicativos locais. Afinal de contas, a integração entre a web e o sistema local é o grande lance do Peppermint. O que me incomoda é que às vezes não dá para diferenciar uma coisa da outra. O Peppermint chega bem perto de acertar a mão nesse sentido usando tool tips. Por exemplo, quando navego até o menu de gráficos e movo o mouse sobre o nome pixlr, surge um balãozinho explicando que esse é um aplicativo editor de imagens e fotos baseado na nuvem. Isso é bom, assim como o balãozinho do Google Docs, que o apresenta como uma suíte de escritório na nuvem. Mas o item do Google Calendar é descrito como o GCal para o desktop, o que me parece uma péssima descrição.

Algumas outras descrições são um pouco vagas, e o usuário tem que experimentar os programas para descobrir a natureza deles. Eu fico me perguntando por que o link para o YouTube precisa ser empacotado como um aplicativo web em vez de simplesmente abrir um link no navegador web local. Se o usuário tiver uma conexão rápida e não estiver fazendo mais nada na rede, essa mistura de programas funciona muito bem. Mas se a conexão for mais lenta, ou se o usuário estiver baixando atualizações ou torrents, o lag vai ser perceptível, o que fica ainda mais evidente em contraste com a rapidez de resposta do LXDE. Separar mais claramente as soluções baseadas na nuvem dos aplicativos locais tornaria a coisa mais atraente.

Por baixo do capô, o Peppermint traz o Flash e codecs para MP3 e reprodução de formatos de vídeo populares. Algumas ferramentas comuns que eu não encontrei instaladas por padrão foram o GCC, o Java e o vi/vim. Isso não me surpreendeu, dado o tamanho da imagem do Peppermint.

Suporte a hardware

Instalei e rodei o Peppermint em dois computadores físicos: um desktop genérico com CPU de 2,5 GHz, 2 GB de RAM e placa de vídeo NVIDIA, e um laptop HP com CPU dual-core de 2 GHz, 3 GB de RAM e placa de vídeo Intel. O arquivo de imagem de tamanho médio instala aproximadamente 1,2 GB de software no disco rígido local. Nos dois computadores, o sistema operacional inicializava rápido e respondia muito bem, ao menos quando eu usava aplicativos locais. Na máquina virtual, a distribuição rodou muito bem com 512 MB de RAM, e manteve o bom ritmo com 256 MB. Com menos de 256 MB o sistema ainda era funcional, mas usava cada vez mais espaço de swap. O Peppermint tem suas raízes no Ubuntu e no Mint, o que significa que ele conta com um excelente suporte a hardware, sendo a segunda distro a configurar todo o meu hardware sem que eu tivesse que fazer nenhuma modificação. Nos dois computadores a tela ficou com a resolução máxima, o som funcionou bem e o modem de internet móvel e as placas de rede foram configuradas automaticamente.

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Peppermint OS One – trabalhando e se divertindo na web

Além da nova versão do Peppermint, os desenvolvedores também estão trabalhando em uma nova versão alternativa da distro enquanto escrevo este artigo. Esse trabalho que está em andamento se chama Peppermint Ice, e é muito parecido com o Peppermint comum, só que tem algumas diferenças importantes. O Ice usa o Chromium por padrão, abrindo mão do Firefox. O tema foi trocado, misturando preto e azul claro. Além disso, alguns itens (especialmente os relacionados à impressão) foram removidos do menu de aplicativos. A imagem de download do Ice é um pouco menor, com 20 MB a menos. Por si só, o Ice não é muito diferente do Peppermint comum, mas mostra que a equipe de desenvolvimento está ouvindo o que os usuários têm a dizer e que está disposta a tentar outras abordagens.

Conclusões

Estou usando o Peppermint (e o Ice) há dias. Por um lado, acho que trata-se de uma experiência interessante, uma espécie de prova de conceito da convivência lado a lado de aplicativos locais e baseados na web. Pelo outro, esse estilo de desktop ultraleve com pouquíssimos aplicativos inclusos não é o tipo de ambiente que eu costumo usar. A velocidade de inicialização e resposta do Peppermint é impressionante, mas estou sempre voltando ao gerenciador de pacotes para conseguir mais programas, como uma suíte de escritório local, o GIMP, um compilador e vários programas de multimídia. A configuração definida pela equipe do Peppermint é provavelmente mais adequada a quem usa um netbook enquanto está em trânsito, e não às minhas necessidades computacionais cotidianas. Embora não seja a minha praia, acho que os desenvolvedores criaram algo interessante, e parece que eles estão dando tudo de si para servir aos usuários da melhor forma possível.

Deixando de lado o Peppermint por alguns instantes, eu gostaria de falar um pouco sobre aplicativos em nuvem como um todo. Eu não acho que rodar programas pela internet seja algo realmente adequado para um desktop com o Linux. Sou um grande fã de terminais leves em LANs, e estou sempre usando soluções de dados baseadas na web, como serviços de webmail e compartilhamento de documentos. Mas só consigo pensar em poucos casos nos quais aplicativos baseados na web, em execução em servidores fora da rede local, possam ser úteis para os usuários do Linux. Os dois principais benefícios que vejo no uso de aplicativos baseados na web são ter um local central para as atualizações e o benefício de poder acessar esses aplicativos de qualquer lugar que tenha uma conexão com a internet. As distribuições Linux já oferecem esses recursos por meio de repositórios de software, permitindo ao usuário manter versões atualizadas ou mais antigas (se preferirem) do software que usam.

Muitas das grandes distribuições também oferecem ferramentas para a instalação em pendrives. Com isso, os usuários podem levar o sistema operacional para qualquer lugar. Ao meu ver, essa combinação é superior aos aplicativos baseados na nuvem em termos de velocidade e flexibilidade, e acaba com a necessidade de se ter uma conexão rápida e sempre disponível. Não tenho nada contra o uso da computação em nuvem nas áreas em que ela for apropriada, mas acho que a maioria dos usuários de desktops Linux já têm soluções que tornam os aplicativos web redundantes. Quando seu sistema operacional recebe atualizações diárias e cabe no bolso, que motivo você tem para entregar o controle sobre seus programas para outras pessoas? A julgar pelo interesse pelo Peppermint, alguns usuários acham que vale a pena e estão empolgados com essa abordagem inovadora.

Créditos a Jesse Smithdistrowatch.com

Tradução por Roberto Bechtlufft <info at bechtranslations.com.br>

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