Em pleno ano de 2023, há uma grande quantidade de "técnicos" em informática que, apesar das boas intenções, realizam procedimentos totalmente errados ou inadequados na hora de dar manutenção no PC de um cliente. Grande parte desses erros são transmitidos por "especialistas" de YouTube que ou têm uma boa intenção, mas continuam em sua zona de conforto, ou estão apenas atrás de engajamento e transmitem o conteúdo de outros, sem verificar a veracidade do mesmo. Não caia nessa: veja aqui o que não fazer:
Erro 1: configurar o computador para Legacy/CSM e desabilitar o Secure boot
Esse é um clássico dos "técnicos de YouTube", que ensinam como "dar boot" em um modelo específico de computador. Talvez por desconhecimento ou por zona de conforto, uma das primeiras instruções é que o espectador desabilite o UEFI e o Secure Boot. Essa medida, porém, acaba trazendo mais problemas do que soluções.
A começar que o legacy/CSM é uma emulação do sistema BIOS, que tem mais de 50 anos de idade e, ao ativá-lo, perde-se acesso às vantagens que o sistema UEFI tem a oferecer, dentre os quais a utilização de discos em padrão GPT. Além disso, o secure boot, como o próprio nome sugere, é um recurso de segurança que serve justamente para impedir que o computador seja infectado por algum malware durante o boot - sem falar que, hoje, alguns jogos só funcionam corretamente se esse recurso estiver ativado e algumas placas de vídeo só funcionam em modo UEFI.
Erro 2: Comprar um computador atual e "formatar para" Windows 7 ou XP
Esse nem precisa de comentários: muitos "técnicos", por talvez não se adaptarem aos Windows 10/11, não perdem tempo e, ao comprar um computador novo, em conjunto ao erro 1, logo tratam de substituir o sistema original de fábrica pelo Windows 7 ou XP. Desnecessário dizer que ambos esses sistemas não recebem mais suporte da Microsoft e, portanto, sua utilização expõe o usuário a inúmeras falhas de segurança, sem falar que alguns programas e drivers mais modernos não mais funcionam neles.
Erro 3: Comprar um computador com Linux e instalar Windows pirata ou sem ativação/Comprar computador com Windows Home e instalar Pro/Instalar versões Enterprise ou LTSB
Muitos técnicos tentam dar o famoso jeitinho para economizar e acabam comprando computadores com Linux ou com uma edição básica do Windows e substituem o sistema original por uma versão pirata ou não ativada do sistema. Além disso, muitos "técnicos de YouTube" afirmam que versões LTSB ou similares aumentam a performance em jogos.
Com a situação econômica atual, é fácil perceber que o preço de um notebook ou computador com Windows não é tão maior assim do que um computador com Linux ou FreeDOS. Assim, vale a pena economizar alguns trocados para adquirir um computador com sistema original e evitar dores de cabeça. Além disso, ao contrário do que dizem, a versão Pro não é "melhor" do que a versão Home: as duas são a mesma, o que diferencia é que a Pro tem recuros extras, voltados ao mundo corporativo. A menos que você tenha um Active Directory em casa, tenha dados ultrassensíveis que precisam ser criptografados ou utilize recursos avançados de virtualização, você certamente não precisa da edição Pro.
O mesmo pode ser dito da versão LTSB, que é voltada para ambientes específicos, melhora em nada a performance e os FPS e não está à venda para pessoas comuns.
Erro 4: Instalar sempre os drivers e BIOS mais recentes
É comum termos dicas de que o usuário deve sempre instalar os drivers e o BIOS mais recentes para - adivinhe - obter mais performance. No entanto, isso nem sempre é verdade pois, muitas vezes, o driver novo possui correções e melhorias voltados a algum programa ou jogo que o usuário não utiliza e, na prática, não trará diferenças. Sem mencionar a quantidade de espaço que poderá ser ocupada por pontos de restauração ou backups automáticos, novos drivers podem trazer bugs, como o driver 196 da NVidia, que fazia os fans
pararem de girar. O melhor driver ou versão de BIOS para seu computador é aquele que funciona.
Erro 5: Montar uma configuração desbalanceada
Sabemos que a maioria dos usuários quer sempre as novidades mais recentes, mas o que dá realmente performance é o balanço entre as configurações. De nada adianta você gastar os olhos da cara para comprar uma RTX 4090 se seu computador tem um Core2Duo ou um i3/5/7 de primeira ou de segunda geração: haverá um gargalo e você não vai utilizar a placa em todo seu potencial.
Erro 6: Utilizar notebook para jogos
Aceite: notebook não foi feito para jogar. Mesmo que hoje tenhamos notebooks gamer, o objetivo principal dessas máquinas é ser computadores compactos com foco na mobilidade. Notebooks gamer podem até impressionar pela configuração, mas perdem o sentido quando comparados em um cenário mais amplo.
Erro 7: Montar um "computador gamer" para tarefas de trabalho/workstation/servidor
Parece que grande parte dos técnicos só sabe aquilo que é transmitido por "influenciadores" de YouTube e acaba passando vergonha. Hoje em dia, existem várias categorias de computadores e cada uma delas possui uma finalidade diferente.
É comum encontrarmos pessoas pedindo dicas para montar uma configuraçãopara rodar softwares pesados como AutoCAD, 3DStudio, Catia, etc... e logo vir o técnico sugerindo uma típica configuração gamer que, apesar de impressionar pela quantidade de GHz, talvez não seja a melhor opção para cenários como esse devido à performance como um todo. Software de CAD, de animação, de medicina, de edição de vídeo, entre outros, podem se beneficiar mais de placas de vídeo profissionais, como as Quadro ou RadeonPro, do que uma GeForce ou Radeon comum, pelo simples fato de aquelas serem projetadas, desde o início, para essa finalidade.
O mesmo vale para quando o cliente pede um servidor e o técnico monta uma configuração parruda, desconhecendo as peculiaridades dessa categoria e abrindo mão de recursos específicos, como fontes de alimentação redundantes e memórias ECC. É por esse mesmo motivo que não podemos comparar um notebook "gamer", citado acima, com linhas como Thinkpad ou Latitude.
Erro 8: Remover vírus através do MRT.exe
Uma nova dica que vem se espalhando por aí é que o usuário pode utilizar o MRT.exe para remover os vírus. Esse comando trata-se do Malicious Software Removal Tool, que está presente no Windows desde a versão 7, pelo menos, e tem uma abrangência muito limitada - menor até do que o próprio Windows Defender, que já vem embutido no sistema.
Conclusão
As pessoas que desejam trabalhar com suporte em informática devem, assim como em qualquer outro campo profissional, se atualizar e sempre pesquisar a fonte das informações obtidas por meio da internet e de mídias sociais, a fim de fazerem um bom serviço e conquistar a confiança dos clientes.
E você, conhece mais algum erro que te deixa de cabelos em pé? Poste aí!