Os usos da inteligência artificial estão ficando cada vez mais interessantes e também assustadores. Na semana passada, o desenvolvedor belga Dries Depoorter divulgou um sistema de inteligência artificial que usa câmeras de segurança públicas para encontrar a hora e o local exato em que uma foto do Instagram foi tirada.
O sistema foi chamado de The Follower, em tradução literal, “O Seguidor”. O nome é uma clara alusão ao conceito de seguidores nas redes sociais. Os resultados obtidos por essa inteligência artificial são impressionantes. Parece coisa de filme de investigação policial.
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Como funciona o The Follower
O conceito é bem simples, até. A inteligência artificial pega fotos publicadas no Instagram que tenham marcação de local. Daí ela começa a analisar feeds de câmeras públicas da região onde a foto foi marcada. Na teoria, parece algo simples, mas na prática é bem complicado.
🔥NEW PROJECT!🔥
'The Follower' is software searching how an Instagram photo was taken with the help of AI and open cameras.Project page: https://t.co/Djzlu3rf39
YouTube video: https://t.co/WpD3gdkPIu
Support my work: https://t.co/lP6wVXSkJ3— Dries Depoorter (@driesdepoorter) September 12, 2022
O sistema precisa analisar uma série de variáveis. Por exemplo, ele precisa analisar coordenadas geográficas, cruzar informações como horário e local e se atentar a detalhes como cores de roupas e poses que as pessoas fizeram nas fotos. Sem falar em encontrar a perspectiva correta da filmagem para que os resultados sejam ainda mais precisos.
A inteligência artificial funciona também que logo nos primeiros testes Dries Depoorter conseguiu encontrar a hora e o local exatos de várias fotos. De todos os registros que o desenvolvedor belga publicou, tem até um brasileiro.
Ele tirou uma foto ajoelhado na Times Square e enrolado com a bandeira do Brasil. Pois o The Follower conseguiu encontrar o momento exato em que o rapaz tira a foto no famoso cruzamento de Nova York. É possível ver que duas pessoas ajudam ele a tirar a foto. Veja abaixo:
De onde surgiu a ideia
Em entrevista ao site Input, o desenvolvedor belga de 31 anos disse que teve a ideia de criar o The Follower ao assistir uma câmera de segurança pública por mais ou menos 30 minutos. Durante esse tempo, ele disse ter observado uma pessoa tentar tirar uma foto para o Instagram.
Depois de ver a saga da pessoa para tentar achar o click perfeito, Dries Depoorter ficou curioso e foi atrás da foto no Instagram. Após muito vasculhar não conseguiu encontrar a bendita imagem. Foi aí que ele decidiu criar essa inteligência artificial. As melhores ideias realmente surgem das situações mais inusitadas.
O The Follower, no entanto, foi programado para analisar apenas dados públicos. É preciso que as fotos analisadas sejam de pessoas com mais de 100 mil seguidores. Isso garante que os indivíduos buscados sejam conhecidos o suficiente. Além disso, a ferramenta não é capaz de usar câmeras de segurança privadas.
De acordo com o próprio desenvolvedor, a ideia por trás do The Follower é alertar para os perigos da tecnologia. Bem como a quantidade de informações que nós mesmos disponibilizamos online. Isso prova que com a motivação certa podemos achar praticamente qualquer coisa na internet.
Preocupações com a privacidade
É óbvio que um projeto como esse chamou a atenção e levantou questões sobre a privacidade. Francesca Sobanda, professora universitária no País de Gales, disse que “qualquer projeto que envolva IA e câmeras abertas é um projeto que pode, infelizmente, reforçar um estado social de vigilância colocando a vida das pessoas em risco”.
Mas Depoorter não se preocupa tanto assim. Nas palavras dele, “se trata mais sobre a tecnologia e não sobre as pessoas que usei”. Ele também disse que usou muitas pessoas. Então o foco do projeto não está em uma única pessoa só.
O desenvolvedor também foi questionado sobre ter mostrado o rosto das pessoas. Quanto a isso, ele simplesmente respondeu: “Sim, mas eles postaram as fotos também”.
Desenvolvedor belga tem outros projetos interessantes
O The Follower não é o único projeto interessante do belga Dries Depoorter. Inclusive, nós até já publicamos uma matéria sobre um de seus projetos. É o The Flemish Scrollers. Trata-se de um sistema que monitora o nível de distração dos políticos durante as sessões do parlamento. A câmera identifica o político e diz quanto tempo ele passa se distraindo com o celular durante a sessão.
Um outro projeto assinado pelo desenvolvedor é o aplicativo Die with me. Segundo o próprio desenvolvedor descreve, o aplicativo cria uma enorme sala de bate papo com pessoas que tenham menos de 5% de bateria em seus smartphones. Deve ser interessante.
Por fim, há também o Short Life. Eu fiquei com vontade de comprar. Trata-se de um relógio único e programado para uma única pessoa. Ele calcula a sua expectativa de vida com base em diversos índices da Organização Mundial da Saúde. E daí mostra uma porcentagem de quanto de vida você já “gastou”. É um lembrete constante de que a vida é curta e de que você não deve desperdiçá-la com besteiras.
Fontes: Input Magazine, VICE e Mashable
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