Pulseira digital garante aviso prévio de ataque epiléptico

Pulseira digital garante aviso prévio de ataque epiléptico

A epilepsia é uma condição comum a diversas pessoas em todo o mundo, e a chance de poder prever um episódio de ataque epiléptico de forma não invasiva e com minutos de antecedência pode ser uma ótima oportunidade para que essas pessoas possam ter uma rotina mais controlada e saudável.

Por isso, o anúncio de um dispositivo de monitoramento de pulseira vestível capaz de realizar essa detecção é uma ótima notícia. Os dados do dispositivo conseguem prever o ataque epiléptico com cerca de 30 minutos de antecedência, de acordo com a pesquisa publicada na Scientific Reports.

Leia também:

CES 2022: coleira inteligente pode monitorar os sinais vitais de cachorros
CES 2022: anel inteligente promete ajudar a evitar doenças crônicas

A importância da detecção de ataque epiléptico de forma não invasiva

detecção de ataque epiléptico

Os responsáveis pela pesquisa com a pulseira digital são pesquisadores da Clínica Mayo, e eles já anunciaram que o estudo preliminar feito com o dispositivo foi o primeiro a mostrar que ela foi bem sucedida em seu objetivo, conseguindo prever convulsões de forma não invasiva em gravações de longo prazo para pacientes epilépticos.

Essa previsão do episódio aconteceu durante o dia a dia dos pacientes, enquanto eles realizavam atividades corriqueiras. Esse estudo conseguiu provar que é possível fazer uma previsão de convulsões sem precisar medir de forma direta a atividade cerebral.

A importância dessa previsão é indiscutível. Não saber quando um ataque epiléptico vai acontecer é algo que limita bastante a vida de pessoas com essa condição, principalmente para quem tem várias crises em um mesmo dia.

Com uma previsão confiável e antecedente, essas pessoas terão mais liberdade e não precisarão se privar tanto das atividades comuns. Isso porque tendo o aviso prévio de uma crise, eles podem tomar uma medicação de efeito rápido ou até mesmo aumentar a terapia de neuromodulação para poder prevenir ou gerenciar as convulsões iminentes.

O estudo mostrou resultados favoráveis

detecção de ataque epiléptico

Para realizar o primeiro estudo com o dispositivo, a equipe reuniu 6 pacientes que tinham ataques epilépticos constantes, resistente a medicamentos, e que já estavam sendo tratados na própria Clínica Mayo.

Esse tratamento é feito com um dispositivo de neuroestiulação responsivo (o sistema NeuroPace RNS), que é implantado no paciente, ou seja, de forma invasiva. Eles utilizaram o esse dispositivo que é usado no tratamento dos pacientes justamente para comparar com os resultados da pulseira digital.

O NeuroPace RNS funciona através do monitoramento da eletroencefalografia intracraniana crônica (iEEG), ou seja, o registro das atividades elétricas que são geradas no cérebro do paciente. Dessa forma, os médicos podem usar detectores para acionar estimulação terapêutica quando há alguma suspeita de um ataque epiléptico iminente.

Eles pediram para que os pacientes também revelassem falsos positivos, ou seja, quando o NeuroPace informou de uma crise que não aconteceu.

Ao mesmo tempo, eles usaram também a pulseira digital, Empatic E4, capaz de registrar dados fisiológicos como acelerometria de 3 eixos para detectar o movimento do corpo, fluxo sanguíneo, frequência cardíaca, temperatura corporal e até mesmo características elétricas da pele, tudo por um período mínimo de 6 meses.

Os dados computados pela pulseira foram enviados e processados por um algoritmo de rede neural para conseguir prever a crise com, pelo menos, 15 minutos. Mas, de acordo com Benjamin Brinkmann que é um dos pesquisadores principais do estudo, o sistema conseguiu executar uma previsão ainda melhor do que a esperada em 5 dos 6 participantes.

Nesse caso, os alertas de convulsão ocorreram com uma média de 33 minutos antes do início do episódio epiléptico registrado no EEG. Já o paciente que não teve essa predição com um tempo mais longo e melhor do que a prevista foi o que teve várias convulsões por dia (os outros 5 tiveram menos episódios diários de convulsão).

Pulseira digital tem capacidade para ser usada na prática clínica

detecção de ataque epiléptico

Quando o grupo observou as contribuições relativas dos sinais de dados de forma individual da pulseira, as entradas de dia e hora mostraram uma grande contribuição para os resultados. Os pesquisadores também sugeriram que pacientes com forte padrão circadiano têm melhores resultados.

“Os alertas de convulsão nesses cinco pacientes forneceram um amplo tempo de alerta para administrar medicamentos de ação rápida ou aumentar a terapia de neuromodulação” eles disseram.

Atualmente já estão adicionando mais pacientes ao estudo, esperando assim aumentar os dados e expandir o estudo.

“Esperamos que esta pesquisa com dispositivos vestíveis abra caminho para integrar a previsão de convulsões na prática clínica no futuro”, comenta Brinkmann. “Essas descobertas precisam ser replicadas em uma coorte maior em um estudo clínico prospectivo, mas nosso estudo sugere que a previsão de convulsões é possível sem dispositivos invasivos”.

Fonte: physicsworld e Scientific Reports

Sobre o Autor

Redes Sociais:

Deixe seu comentário

X